22.3.07

Caixa de Pandora: o Reino da Memória

Acrílico s/ tela (60X60) 
OBRA ADQUIRIDA

2 comentários:

Carlos Ferreira da Silva disse...

Num braseiro fervem fabulosas criaturas na eminência da explosão, da recriação. Os breves crepitares, as pequenas faíscas são as tímidas revoluções que, ironicamente, mantém a temperatura mas prenunciam a liberdade.

Anónimo disse...

O mito “Abrir a Caixa de Pandora” constitui avalanche de repercussões, negativas e positivas mas, também, uma forma de memória. É preciso não sucumbir ao maniqueísmo das alegorias, embora sejam eles que no seu classicismo nos apontem novos caminhos. Na (re)descoberta que decifra com perspicácia e astúcia as dádivas do processo cultural não calado e aferrolhado em cada um de nós. Se me perguntarem se quero toda a “verdade” na minha mão direita e a maneira de a procurar na mão esquerda, escolherei a mão esquerda. Sarcasticamente é essa centelha de “procura” que me posiciona junto à caixa da memória, até, como alguém disse, eu sou a minha memória. É neste monumento humano, o da memória, que escaldam as mais assombrosas criaturas pensantes. Pensar, reflectir, neste sentido, é a mais prodigiosa aventura humana, com tudo o que tem de bem ou mal. Perfeito/imperfeito. O ser humano é uma identidade única, um fluxo permanente e em permanente fluir no mundo. O processo de construção da identidade é algo indissociável da elaboração de memória, o caminho com (e para) esse vaticino chamado emancipação. Daí dizer que a vontade, o capricho, o empenho, a energia, do acto de transferir para a tela ideias, apetites, emoções, paixões, sensações, iras e afins, ordenado(a)s ou profano(a)s, altivo(a)s ou absoluto(a)s, permitem-me sussurrar os incómodos e ironizar o indizível, o impossível – escolhendo esta cálida forma de manufacturar.